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Baixo apetite por risco leva investidores a optarem por Investimentos Imobiliários

Número de investidores pessoa física supera a marca dos 2 milhões

Em um cenário mais desafiador para investimentos de risco, com inflação e juros elevados, os fundos imobiliários conseguiram superar uma marca esperada há muito tempo pelo setor: 2 milhões de investidores pessoas físicas.

 Conforme os dados da B3, o número de investidores com posição em custódia atingiu 2,06 milhões em janeiro de 2023, representando um aumento de 5,4% em comparação a dezembro de 2022 e de 30,25% atingido nos últimos 12 meses.

 A marca foi alcançada mesmo em um ambiente macroeconômico de menor apetite por produtos de renda variável, onde os investidores vêm naturalmente optando por alocar seus recursos em ativos de renda fixa mais conservadores e com taxas muito atrativas, dada a Selic em 13,75% ao ano.

Para entendimento desse movimento vale relembrar que os Fundos Imobiliários ganharam popularidade a partir do ano de 2019 até 2021, onde naquela época os juros atingiram as mínimas históricas e os brasileiros foram obrigados a buscar outras alternativas de investimentos mais rentáveis do que a renda fixa. Diferentemente do que está ocorrendo hoje, onde a renda fixa é extremamente atrativa, mas mesmo assim, os investidores com baixo apetite ao risco, preferem optar pelos fundos imobiliários. Indicando os novos e diferentes desafios da conjuntura econômica atual.

Em 2009 o número de investidores pessoa física era de 12 mil investidores. Esse número foi crescendo de forma mais tímida até o ano de 2018, quando atingiu 208 mil investidores. Já em 2019 triplicou para 645 mil investidores e terminou 2022 com 1,9 milhões de investidores.

Hoje os Fundos Imobiliários somam R$ 201 bilhões em patrimonio líquido. São mais de 800 fundos, sendo que destes 467 fundos são listados na B3.

O ambiente das taxas elevadas de juros em 2022 levou a uma redução nas ofertas dos FIIs, que fecharam o ano com 67 ofertas, totalizando R$ 20 bilhões. Um desempenho abaixo dos anos anteriores, onde houveram 76 ofertas em 2021 e 75 ofertas em 2020, conforme dados da B3. 

Segmento de Imóveis de luxo segue aquecido em 2023

A comercialização de imóveis de médio e alto padrão segue aquecida em 2023, mesmo com as altas taxas de juros, conforme as principais construtoras do Brasil.

Segundo os dados da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias)  esse segmento já representa aproximadamente 30% do total das vendas anuais do setor, uma vez que o Brasil comercializa anualmente cerca de 157 mil imóveis, sendo 46 mil unidades de médio e alto padrão.

As cinco principais cidades no Brasil que possuem o maior valor médio do m2 dos imóveis de médio e alto padrão residenciais, de acordo com relatório FipeZap+ são, Balneário Camboriú com R$ 11.534, seguida de Itapema com R$ 10.614, ambas no Estado de Santa Catarina. Na terceira posição aparece a cidade de Vitória-ES com R$ 10.444, seguida de São Paulo na quarta posição com R$ 10.226 e Rio de Janeiro com R$ 9.859 por m².

Emissão de CRIs batem recorde em 2022

O ano de 2022, registrou recordes nos volumes de emissão de títulos de crédito privado. O ano que também marcou importantes avanços nas normas estabelecidas pela CVM (CVM 160) e Anbima (Marcação a Mercado), vigentes a partir de janeiro de 2023.

Conforme dados divulgados pela Anbima, o mercado de crédito privado encerrou 2022 com R$ 362 bilhões emitidos entre debêntures, CRAs e CRIs. Esse foi o maior montante já registrado na série histórica, distribuídos em 604 operações no decorrer do ano, ultrapassando o antigo recorde de R$ 309 bilhões registrados no ano de 2021.

Os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) atingiram a impressionante marca de R$ 50 bilhões emitidos em 2022. O volume representa um crescimento de 50% quando comparado com o ano anterior. Tal crescimento demonstra toda a ampliação do uso desse tipo de instrumento por companhias de pequeno, médio grande porte no Brasil.

As emissões de debêntures atingiram R$ 271 bilhões em 2022, com um crescimento de 8% ante o ano de 2021, indicando uma larga tendência de crescimento na emissão de CRIs (50%) comparado ao crescimento das emissões de Debêntures.

Perspectivas para o mercado imobiliário em 2023

Especialistas alertam que o mercado está ansioso a espera das definições das âncoras fiscais e dos encaminhamentos da reforma tributária que nortearão os próximos anos. No setor, os indicadores de confiança se deterioram, principalmente pela expectativa das altas taxas de juros. Por outro lado, indicadores de inflação mais baixos podem compensar as expectativas e de certa forma equilibrar o ânimo dos investidores.

De acordo com Luiz França, presidente da Abrainc “O Brasil tem uma pirâmide etária ainda jovem se comparado com outros países, implicando em uma alta taxa de formação de famílias nos próximos anos, e tudo isso reflete em uma forte demanda no setor”. 

Ainda, se espera que o retorno do programa Minha Casa Minha Vida, amplie o acesso à moradia por famílias mais carentes, contribuindo para a diminuição do déficit habitacional.

O Indicador de Confiança do setor Imobiliário Residencial realizado pela Abrainc em 2022 estima que as vendas na incorporação imobiliária apresentem uma alta nos próximos 12 meses.